Lobo da Estepe - Herman Hesse

Tenho me reconectado com a literatura, algo que já foi muito mais presente na minha vida em outros momentos.

7/14/20251 min read

Frequentemente é mais fácil ter disposição para morrer do que para viver. Às vezes nos pegamos em situações em que o desejo pelo fim da dor fala mais alto do que a vontade de começar (ou recomeçar) a vida.

Aquela velha frase romântica, “eu morreria por você”, parece surgir com naturalidade, enquanto dizer “eu viveria por você” soa quase estranho, embora talvez seja o maior ato de coragem. Afinal, viver de verdade significa se abrir para sentir tudo o que vier, e isso dá medo.

Entrar em contato com o que tantas vezes evitamos sentir assusta e pode ser a barreira que nos separa de viver uma vida que vale a pena.

Em certos momentos, a gente se sente como Harry Haller, em outros como o próprio Lobo da Estepe, ou até como as mil almas que o livro descreve. Talvez todos sejamos um pouco como um palácio cheio de quartos, cada um guardando dores, memórias e lados desconhecidos só esperando para ser descobertos.

Ter coragem de caminhar por esses corredores internos, sem saber exatamente o que vamos encontrar atrás de cada porta, pode nos colocar frente a frente com partes nossas que estavam esquecidas ou que a gente preferia nem olhar. E quem sabe, são justamente esses encontros que revelam o que realmente importa.

O Lobo da Estepe, do Hermann Hesse, fala muito com quem está num momento de repensar quem é e o que carrega por dentro. Não é o livro mais leve do autor, tem um tom surrealista que em alguns pontos pode até confundir, mas talvez por isso mesmo provoque reflexões tão fortes. Para quem topa encarar as próprias questões e se abrir para ver o que aparece, pode ser uma leitura que mexe de um jeito surpreendente.